terça-feira, 12 de agosto de 2008

Somália realiza feito "histórico" ao livrar-se da pólio


Em um triunfo contra a violência, pobreza e infra-estrutura deficiente, a Somália conseguiu, novamente, se livrar da pólio. A Iniciativa Global de Erradicação da Pólio anunciou, no dia 25 de março, que essa nação africana não registrou nenhum caso de pólio nos últimos doze meses. Embora tenha erradicado a doença de seu território em 2002, foram registrados 228 casos em 2005 em virtude de importação do poliovírus da Nigéria.
Abordagens inovadoras específicas para regiões em conflito foram fundamentais para que a Somália se livrasse novamente da doença. Mais de 10.000 voluntários e agentes da saúde ministraram doses da vacina monovalente para imunizar em curto espaço de tempo crianças em áreas assoladas pela violência. Com grande apoio da comunidade, os esforços foram bem-sucedidos e mais de 1,8 milhão de menores de cinco anos foi vacinado em um dos países mais perigosos do planeta.
“Esse feito, verdadeiramente histórico, comprova que a pólio pode ser erradicada em qualquer lugar, mesmo em circuntâncias desafiadoras”, disse o Dr. Hussein A. Gezairy, diretor do escritório regional para o Mediterrâneo Oriental da Organização Mundial da Saúde.
Um dos agentes de saúde voluntários da Somália é Ali Mao Moallim, a última pessoa da face da Terra a contrair a varíola — primeira doença a ser mundialmente erradicada — em 1977. Trabalhando com a Organização Mundial da Saúde, ele viajou por todo o território de seu país para vacinar as crianças contra a pólio e obter apoio comunitário para as campanhas de vacinação. “A Somália foi o último país a registrar casos de varíola”, disse ele. “Pretendo assegurar que não seja também o último a eliminar a poliomielite.”
“A Somália venceu a pólio em um ambiente com mais conflitos e pobreza que o Afeganistão e o Paquistão”, afirmou a Dra. Maritel Costales, consultora sênior do Unicef no setor da saúde em Nova York, citando o desafio de superar a enorme falta de segurança e movimento populacional em nação sem um governo central. “Mas a Somália mostrou que quando as comunidades assumem um compromisso é possível encontrar todas as crianças, onde quer que elas estejam.”
O Afeganistão e o Paquistão, que juntos registraram 5% de todos os casos de poliomielite em 2007, poderão ser os primeiros dentre os quatro países endêmicos — os outros dois são a Índia e a Nigéria — a se livrar da pólio.
O contínuo compromisso financeiro com a causa da erradicação da pólio continua a ser fundamental. O Rotary International, principal parceiro e colaborador do setor privado da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio contribuiu com US$9,2 milhões para a erradicação da pólio na Somália e, desde 1985, com US$700 milhões mundialmente para acabar com a doença. Calcula-se que em 2008-09 a Iniciativa Global precisará de US$525 milhões para combater com urgência a pólio nos países endêmicos remanescentes e proteger as crianças em regiões livres da doença mas ainda de alto risco.
“A Somália demonstrou claramente que as táticas e técnicas de erradicação específicas a cada caso estão dando resultado”, declarou Mohamed Benmejdoub, presidente da comissão Pólio Plus do Rotary para o Mediterrâneo Oriental. “Um mundo livre da poliomielite é meta viável do setor de saúde pública. Insto todos os governos do mundo — especialmente os dos países do G-8 — a disponibilizar rapidamente os recursos necessários. Juntos podemos assegurar que nenhuma criança jamais voltará a sofrer da paralisia provocada pelo vírus da pólio.”

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